Gostamos de contar diversas histórias de moradores, a nossa primeira foi a da moradora que conquistou uma casa própria no Silvio Santos nos anos 90 e agora vamos trazer uma história muito curiosa de um morador do Jardim Miriam que se mudou diretamente para uma das construções já demolidas mais conhecidas da Paulista, a Mansão Matarazzo.
Antes de contar um pouco da história desse morador, vamos nos introduzir sobre esse palacete:
A Mansão Matarazzo foi um casarão da Avenida Paulista, em São Paulo, construído em 1896, pelo conde Francesco Matarazzo, imigrante italiano. A mansão ocupava o número 1230 da Avenida Paulista, na esquina com a Rua Pamplona.
O palacete foi construído em estilo neoclássico, com área de 4.400 metros quadrados, implantado num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. Contava com dezenove quartos, dezessete salas, três adegas, refeitórios, uma cozinha com azulejos até o teto e uma biblioteca repleta de livros raros. A decoração interior era composta por móveis venezianos, portas florentinas, mesas chinesas, pratarias e porcelanas de diversas proveniências, quadros de elevado valor de Rubens, Brueghel e Canaletto. A encimar a fachada, estava o brasão dos Matarazzo, esculpido em mármore travertino. A casa foi cenário de festas grandiosas, frequentadas pela alta sociedade paulistana.
A Mansão Matarazzo foi tombada em 1989, a contragosto da família, numa polêmica disputa judicial entre os Matarazzo e a Prefeitura de São Paulo, à época dirigida pela prefeita Luiza Erundina, que pretendia instalar no imóvel o Museu do Trabalhador.
A família, que exigia uma indenização milionária, ainda tentou implodir o imóvel durante uma madrugada, por meio de uma bomba colocada no porão do edifício. Embora a implosão não tenha derrubado a casa, comprometeu sua estrutura. O projeto do museu não foi adiante e, em 1994, a família conseguiu reverter o tombamento e reaver a mansão.
E no meio dessa briga judicial entre a prefeitura e a família Matarazzo, um homem chamado Francisco Apolônio dos Santos trabalhava de vigilante do local nos anos 80, e no ano de 1985 foi convidado pela própria proprietária para morar na antiga casa de empregados da mansão, o Jornal do Brasil fala mais sobre o Francisco em meio a uma matéria sobre os antigos casarões da Avenida Paulista:
Um dos casarões, apesar de vazio, mantém sua história viva através de um divertido contraste: o zelador do número 91, Francisco Apolônio dos Santos, morador há seis anos de um endereço que desperta a descrença até para a sua família, residente na pequena cidade baiana de Rui Barbosa. Como era vigilante da empresa responsável pela segurança da mansão vaga, a dona o convidou para morar na antiga casa de empregados, nos fundos.
Francisco vendeu sua casinha no distante Jardim Miriam, na Zona Sul da cidade, e se mudou com sua mulher e quatro filhos para a Avenida Paulista, onde só costumava passear. Hoje, nos dias de folga, o passeio de Francisco é no Jardim Miriam. “Foi um salto na minha vida”, ele conta.
“Ninguém acredita quando dou meu endereço.”
Mas parece que esse conforto do Francisco teve que acabar: o processo de demolição começou em 1996, ano do centenário da mansão. O terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa, por 125 milhões de reais, que no local construiu o Shopping Cidade São Paulo, será que conseguiu levar uma graninha ou um outro lugar bacana pra morar? Voltou ao Jardim Miriam? Fica o mistério!