A Vila Inglesa é um bairro localizado próximo a região de Interlagos, conectando-se com o bairro do Cupecê, antes de ter este nome recebido, o local se chama ‘Sítio Maria Luisa’.
Fazendo-se minhas pesquisas sobre sua origem, chegou-se em um dono de terras locais chamado José de Moraes Herling, imaginei que pelo seu sobrenome ‘Herling’ fosse de origem americana, e logo uma simples homenagem aos EUA com o nome ‘Vila Inglesa’, em sequência me corrijo descobrindo-se que este sobrenome é de origem Alemã.
José de Moraes Herling foi um engenheiro e construtor, prestou serviços para a Campanha Paulista de Estrada de Ferro, o que se sabe até aqui é que ele auxiliou com a sua mão de obra na construção de um bairro indígena chamado ‘Ariry’, em Ararapia, quase na divisa do Paraná com São Paulo, em um documento de 1928 aborda-se a seguinte introdução sobre esta região:
“ARIRY, a linda povoação que, como sentinela avançada, surge na linha divisória entre os Estados de S. Paulo e do Paraná, concretiza o amor dos paulistas pela terra que os nu nascer.”
Clique aqui para ler o documento completo sobre a construção de Ariry.
Sr. Herling prestou seus serviços na construção da estrada de ferro Estação da Paulista, uma ligação entre Piracicaba e a cidade de Americana, você pode ler mais sobre esta estação aqui.
Herling também realizou a construção de uma ponte no Rio Ponte Alta, em Minas gerais.
Mas nem tudo são flores, nos anos 50, Herling se envolveu em um grande problema que acabou levando a sua prisão:
Segue a matéria do Jornal falando sobre um desentendimento entre Herling e os funcionários de seu sítio:
No Sítio Maria Luisa, situado na Estrada da Pedreira, em Santo Amaro, o seu proprietário, José Moraes Herling, depois de ter forte altercação com alguns dos seus colonos, sacou de uma arma e contra os mesmos efetuou diversos disparos, os quais, entretanto, não conseguiram alcançar o objetivo.
“Mole no Gatilho”
A vista desse fato seu empregado, de nome Mario Brancalhão resolveu abandonar o lugar. Para a mudança de domicílio, procurou seu amigo Olívio Augusto, proprietário de um caminhão, para que fosse efetuado o transporte dos seus móveis. José de Moraes Herling, não gostando desse ato do seu ex-empregado, interpelou o motorista do caminhão e o seu ajudante Benedito Ribeiro, para saber porque estava carregado com aquela mudança nos seus terrenos, sem a sua vistoria, para evitar roubos.
Não satisfeito com a resposta recebida, também efetuou disparos de arma de fogo contra o motorista e o ajudante. Ambos intimidados com aquela forma de tratamento, fugiram e procuraram a 11ª Circunscrição Policial, onde fizeram um relato da ocorrência.
O subdelegado daquela delegacia, Alnselmo de Assis Carvalho, numa viatura, foi até o sítio Maria Luisa, a fim de cientificar-se dos pormenores da queixa, apresentada pelo motorista.
“Novos Tiros”
No local, Herling, não dando qualquer explicação á autoridade, que estava acompanhada de militares que prestam serviço naquela delegacia, disparou seu revólver contra a viatura. O subdelegado, não tendo meios para proceder á detenção desse indivíduo, solicitou auxílio do plantão da Polícia Central, Então, para o sítio Maria Luisa, seguiu outra “perua” com uma das autoridades de plantão e três investigadores. Ali, um dos policiais, deteve em flagrante o turbulento homem, que até contra um carro oficial disparou sua arma.
Por ocasião da sua movimentada prisão, tentou, disparar contra o investigador e só não conseguiu por terem acabado as balas do revólver.
“Verdadeiro Arsenal”
Depois do detido Herling, a caravana policial procedeu uma busca na sua residência, onde encontrou um verdadeiro arsenal. Foram encontrados dois revólveres do calibre nominal “38”, duas carabinas semi-automáticas do calibre “44”, uma pistola automática “7,65”, três facas e regular quantidade de munição, além de uma espingarda de dois canos calibre “16”. Todo esse arsenal foi apreendido pelo delegado de plantão na Polícia Central e encaminhado á policia técnica para os devidos exames. Quando á “perua” da 11ª delegacia, foi ela também examinada pelo perito Citrangulo, da polícia técnica, cujo laudo irá servir de agravante no inquérito, que contra esse indivíduo será elaborado.
“Neto do presidente da república”
Herling, mesmo no cartório, ao prestar declarações, tratava com visível desprezo as autoridades ali presentes e alegava ser neto de um dos presidentes da república. Assim sendo, com todas essas alegações, o delegado mandou que se procedesse o inquérito. Depois de ouvido, foi Herling devidamente escoltado para o presídio do Hipódromo, onde aguardará o pronunciamento da justiça.
“Arma do Exército”
Causou estranheza ás autoridades, o estar entre as armas apreendidas, um revólver da marca “Smith & Wesson”, de calibre “38”, com o emblema da República estampado numa das faces. Pelo que se soube, essa arma é de uso exclusivo do Exército Nacional, não havendo razão plausível para estar em poder do sitiante. Sobre a posse dessa arma terá que dar as contas ao departamento de material bélico, onde irá esclarecer como ela foi conseguida.
Depois de tantos acontecimentos, ainda assim nas nossas pesquisas não encontramos algum motivo referente a nomenclatura ‘Vila Inglesa’, ainda deixando um clima de mistério e curiosidades sobre a história de toda região!