O Mercado Moreira foi um mercado localizado entre a Av. Cupecê e a Av. Brás de Abreu no Jardim Miriam, era um mercado muito frequentado por moradores, hoje em dia em sua localização está a rede de açougue Tennessee.
Neste depoimento ele fala um pouco sobre a origem do mercado e as suas impressões sobre o Jardim Míriam nas décadas passadas, esta entrevista foi feita pelo anos de 2004.
O mercado foi importante para o desenvolvimento do Jardim Miriam nos anos 60, foi um dos primeiros comércios da região e seu proprietário Mário Moreira foi um grande participante do dia-a-dia do bairro, além de ter contratado muita gente da região para trabalhar no mercado, abaixo confira o depoimento de Mário Moreira ao Padre José Dillon:
Eu comecei com a venda, em 6 de agosto de 1963. Naquele tempo era mais fácil de vender que hoje… Não tinha violência… Andávamos a pé de madrugada e não havia problema… Havia alguns casos de roubo de fios elétricos, então os diretores da Sociedade se revezavam na rua vigiando, para que não roubassem os fios até o devido ligamento da energia elétrica. Na época que vim pra cá, só havia a Estrada do Cupecê, não tinha escola, padaria. Então, eu vendia pão, leite, que vinham de Diadema.
As pessoas que moravam aqui eram, em sua maioria, de Minas Gerais e do Nordeste. Provavelmente, escolheram aqui porque era um lugar onde os terrenos eram mais baratos, pois aqui era bem periferia, era muito mato.
A Vila Missionária não tinha rua aberta, apenas uma estrada. A Cidade Júlia também era um sítio de eucaliptos, a Vila Élida era da Preferida. Tinha muitas árvores de serrado e eucalipto. Os eucaliptos foram utilizados para poste de luz.
O que gosto de lembrar daquele tempo, são as amizades que eram sinceras, o trabalho que a gente fazia e via o resultado imediato e o futebol que eu gostava de jogar.
Hoje em dia está muito difícil.
Em 1973, fizemos uma gincana e uma quermesse na praça para terminar de construir a sede da Sociedade. Naquela época, arrecadamos 17 milhões e pouco (Cruzeiros) e deu pra terminar a obra. Nós íamos a noite pra trabalhar na obra. A sociedade de Bairro era uma família, colaboramos na obra.
Depois de pronto, tínhamos bailes da saudade, com banda e as pessoas gostavam muito. Aos domingos á tarde tinha o baile da juventude, das 3 da tarde ás 11 da noite. Sempre ficavam 4 diretores olhando os bailes da juventude para que não houvesse bagunça.
A sociedade ficou um tempo inativa, depois de 1979. Então, o Tatá e o Joaquim assumiram a diretoria, mas não pensavam em fazer benfeitoria para o bairro, só pensavam em festas, em arrecadar dinheiro. Nem os impostos da Sociedade eram pagos, quase perdemos a propriedade da sede. Então em 1996, estava tudo deteriorado, tudo que tínhamos de aparelhagem de som e outras coisas sumiu, desapareceu, o que ficou eram multas da prefeitura.
Formamos uma diretoria com as pessoas dos tempos passados. Eu, o Doraci Alonso Martins, o Severino, Bernardo, Osvaldo Luccats, Sr. Francisco Rodrigues de Almdeida, Antônio Saraiva, Sr. Hermes. Ganhamos a eleição e assumimos. Reformamos tudio, compramos um terreno para fazer um lugar de lazer para o pessoal da 3ª idade.
Como não sobrava dinheiro, não fizemos nada. Quando assumimos em 1996, nós vendemos aquele terreno para reformar a sede e pagar impostos. Ainda sobraram R$10.000,00 que estão rendendo. Praticamente não temos despesas, pois o “Espaço Aberto” assumiu toda a despesa da Sociedade.
A Sociedade precisaria reativar para que pudéssemos reivindicar coisas como a obra da Praça do Jardim Miriam, que está uma vergonha. O pessoal da diretoria, não tem mais contato com as autoridades deste país. Deve fazer uns 20 anos que a Sociedade não reivindicava nada novo para o bairro.
No começo do Jardim Miriam, os ônibus paravam na Cidade Ademar, mas eram ônibus velhos. Depois veio a Viação São Francisco que deu uma melhorada, mas ainda continuava ruim. Nenhum ônibus passava pela Yervant.
O Jardim Miriam deu uma melhorada quando se duplicou a avenida Cupecê, mas depois parece que piorou, pois foi chegando a bandidagem. Os terrenos vazios foram invadidos.
A igreja do padre Antônio era de madeira e foi construída por volta de 1965.
A falta de recreação no Jardim Miriam é muito séria, pois aqui não tem nenhum espaço para isso. Quando se faz um loteamento já se deixa um lugar para lazer, mas todos eles foram invadidos por favelas, com exceção do espaço onde está a escola Sampaio Dória e onde está a delegacia.
A chegada da igreja na área foi muito boa, porque a igreja é sempre muito atuante.
O condomínio Jaú não é do Jardim Miriam, mas a construção dele trouxe muitas melhorias para o Jardim Miriam. Foi bom para o comércio. Na época, não existia contato entre Jardim Miriam e Diadema.
Foi por volta de 1980, que vieram algumas pessoas de Diadema e se engajaram na diretoria da Sociedade. O contato que tínhamos com Diadema era com os Bancos, pois aqui não tinha Banco.
Quando vim pra cá não tinha escola, as pessoas iam para Diadema ou Cidade Ademar para estudar. Então a Sociedade ajudou a construção de escolas aqui no Jardim Miriam.
As mudanças de governo não afetavam muito o comércio aqui. O que mexeu com o comércio foi o governo Sarney, com o congelamento, pois não tínhamos lucro nenhum.